sexta-feira, 6 de março de 2009

Gravidez na adolescência - Consequências

Nas raparigas
A grávida adolescente sofre as modificações físicas e emocionais que a adolescência implica e todas as alterações consequentes da gravidez. Deste modo, a gravidez na adolescência provoca problemas de crescimento e desenvolvimento. Para além disso, gera ainda dificuldades no que diz respeito às relações parentais, problemas emocionais/psicológicos, económicos e comportamentais.
Na maioria das vezes, após o nascimento do bebé ou mesmo ainda nos últimos meses de gestação, a adolescente não tem a possibilidade de finalizar os estudos pretendidos, o que se reflecte posteriormente a nível profissional, visto que não conseguirá arranjar um emprego que lhe realize e em que seja bem renumerada.

Nos rapazes
Os pais adolescentes deparam-se com problemas psicológicos, educativos, sociais e económicos. Estas consequências variam consoante o grau de responsabilidade que estes assumem na gravidez.

Nos filhos
O facto de o corpo da jovem mãe não se encontrar preparado para procriar origina uma de gravidez de risco, sendo maior a probabilidade de nascimento de bebés prematuros e outras consequências pós-parto.
Durante o seu crescimento, a criança poderá ter problemas a nível escolar, comportamental e na vinculação afectiva e, por fim, existe maior probabilidade de este ser vítima de negligência e maus tratos.

Que decisão tomar e como?!

A jovem mãe deve reflectir sobre vários aspectos antes de tomar uma decisão. Primeiramente, deverá considerar que uma criança precisa de afecto, amor e disponibilidade durante vários anos e, portanto, deve ter em conta que, se decidir ficar com o bebé, a sua vida mudará completamente e esta terá prescindir de uma enorme quantidade de coisas e diminuir a frequência de certas actividades, tais como sair com os amigos, ir à discoteca, ir ao cinema, etc. Caso a mesma não possa ou não queira ficar com a criança, existe a possibilidade de abortar (nas primeiras 10 semanas de gravidez) ou ainda de prosseguir com a gravidez e, após o nascimento, colocar o bebé numa instituição para adopção. Para tomar esta decisão, a adolescente deve analisar cada uma destas hipóteses com o apoio de alguém em quem confie (tanto pode ser o namorado, um amigo ou um dos pais), podendo recorrer aos vários serviços anónimos, confidenciais e gratuitos que existem, como por exemplo, consultas de atendimento a jovens nos centros de saúde, a SOS grávida, a sexualidade em linha, a linha de sexualidade e ajuda, a linha saúde 24, entre outros, onde é possível encontrar o apoio de técnicos especializados em saúde sexual reprodutiva. Contudo, a adolescente deverá ter em conta que a decisão é maioritariamente sua, visto que o filho é fruto das suas acções e que a sua vida será a principal “prejudicada”.

Gravidez na adolescência

Ao longo do tempo, tem-se vindo a verificar um aumento do número de grávidas adolescentes. A adolescência é uma fase em que a jovem desenvolve as suas capacidades emocionais e intelectuais e inicia a sua vida sexual. Tudo isto é acompanhado por uma busca constante da sua própria identidade e pela descoberta do mundo que a rodeia. Assim, nesta altura, a jovem define os objectivos que pretende atingir na sua vida e constrói os seus sonhos, possíveis de concretizar ou não.

Curiosidade:

• Em Portugal, engravidam cerca de 40 000 adolescentes por ano, das quais metade aborta, voluntária ou espontaneamente

Causas que levam à gravidez na adolescência

Os factores antecedentes que levam á gravidez na adolescência variam de jovem para jovem. Contudo, vários estudos permitiram concluir as principais causas que levam à gravidez na adolescência, das quais se destacam: a ausência da utilização de métodos anticoncepcionais ou a sua utilização de forma incorrecta, o desejo do parceiro pela gravidez, a falta de informação, muitas vezes causada pela ausência de conversas informais por parte dos pais sobre o sexo e a gravidez, a existência do pensamento mágico de que “só acontece aos outros” e outros factores individuais, familiares, sociais, económicos, culturais, e até mesmo certas questões mais complexas, como por exemplo:
• O pensamento de que a gravidez permite que a jovem consiga o amor do namorado;
• A fantasia de que a gravidez lhe trará mais afecto e atenção por parte dos outros;
• A ilusão de que a gravidez lhe pode trazer independência permitindo que esta saia da casa dos pais mais cedo;
• A falsa ideia de que o bebé lhe trará o “papel da sua vida”;

A aceitação da gravidez, a compreensão e o apoio por parte da família são o factor mais importante para que a gravidez decorra sem problemas. Também é de referir o apoio por parte dos amigos e o acompanhamento de cuidados médicos adequados, até mesmo de psicólogos, se necessário, com vista a facilitar a adaptação da jovem à nova realidade que esta enfrenta e a apoiá-la de um modo coerente, consciente e realista.